segunda-feira, 23 de abril de 2012

Vai, mundo


Que visão de mundo o Raimundo tem
Ainda na cama com um jornal a atrapalhar-lhe o café
Antes de ler o que tem escrito no rodapé
Prefere abandonar este mundo e ficar de pé

Que visão de mundo o Raimundo tem
Com seu cigarro lento a enfeitar-lhe os lábios
Observando do banco da praça os homens alados
Prefere não comentar e fica calado

Que visão de mundo o Raimundo tem
Com um radim de pilha a beijar-lhe o ouvido
Escutando todo dia a hora do Brasil maldito
Prefere continuar vegetando a tentar um suicídio

Que visão de mundo o Raimundo tem
Com a televisão iluminando o escuro da noite
Os seus olhos de estátua a ver as bombas de hoje
Prefere dormir a ferir a vista com essas notícias de açoite

Que visão de mundo o Raimundo tem
Ainda na cama com um jornal a atrapalhar-lhe o pé
Antes de ler o que tem escrito na embalagem do café
Prefere abandonar este mundo e ler logo o rodapé

Que visão de mundo o Raimundo tem
Com seu cigarro lento a deixar-lhe alado
Observando do banco da praça os homens calados
Prefere não comentar e fechar os lábios

Que visão de mundo o Raimundo tem
Com um radim de pilha a incentivar-lhe o suicídio
Escutando todo dia a hora do Brasil ouvido
Prefere continuar vegetando a tentar o maldito

Que visão de mundo o Raimundo tem
Com a televisão iluminando o escuro de açoite
Os seus olhos de estátua a ver as bombas da noite
Prefere dormir a ferir a vista com essas notícias de hoje

Boa noite, Raimundo!

Matheaus Siebra
2010