quinta-feira, 23 de julho de 2009

Zion


Zebras, cavalos listrados...

Búfalos, bois despenteados...

Inda hoje me peguei pensando em tuas loucuras

Onde tudo tem forma de nada

Nada tem forma de tudo

De onde dormes teus sonhos, avistas um mundo desconhecido

E tua cabeça entende tudo, porque tudo é teu

Tu és o mundo

E o mundo é seu

Escuro ainda, cheio de ecos de falas estranhas

Dos que não habitam tua terra perfeita, teu berço liquido no quarto maternal

Não te vejo, mas já te fantasio

Em teus olhos duas bilas verdes acastanhadas, ou castanhas esverdeadas

É a cor do amor

Ainda não te sei e sei que nascerás perfeito

Anjo de cabelos cacheados, lisos ou ondulados

Na forma do amor

Inda hoje me peguei pensando em teus absurdos

E quando virdes me perguntar loucuras sei que já terás quase respostas pra tudo.

Matheaus Siebra

23/07/2009

Carpe Noctem


Enfim fez-se dissipar o ébrio daquelas noites alucinadas

Ao nono dia os raios do triste sol surgiram notáveis

Queimando as cabeças ressacadas dos que gritavam à luz da lua

Ah lua! Neste período escapastes dos olhos dos enamorados bêbados

Eles focavam uma luz móvel e mais intensa

Fiquei a contemplar-te na solidão de minha alcova

Debruçado na janela velha do meu velho sobrado

Escutando maus agouros dos transeuntes cansados

Perdendo-me de ti com a visão de um gato malhado

Enalteci-me ao notar que eras minha

Somente minha entre aqueles que no meu mundo habitam

Sei que não posso competir com os astros vagabundos

Estão estes de ti mais perto

Que de mim talvez deles tu gostes mais

Então me deixo estar por um par de olhos companheiros

Sei que preferes casais e, por isso, me desejará boa noite.

Matheaus Siebra

20/07/2009

Minha singular revolução



Libertei-me da minha liberdade usual

Causou-me angústia saber que sua rotina acorrentava-me aos seus pés

Agora procuro outras nas mais inóspitas definições

Cansei de caminhos maquiados que escondiam a face do inferno

De verdades tão absolutas quanto os contos do seu narrador

E da cortina de luz opaca às suas próprias trevas

Não digo que pretendo outra para seguir à risca

Reconheço a imperfeição que trafega no reino dos homens

Que a tudo se faz imperar, fantasia os defeitos, ressalta as belezas e uma testemunha faz calar

Quero esboços, quero rascunhos...

Desfaço-me sem pudor das normas

Derrubo leis, condeno as regras

Não planejo revolução, não me sigam em vão

O boi no gado, o lobo anda só.

Matheaus Siebra

03/07/2009

Medo de morrer


O medo que me persegue a mente é meu ditador preferido

A revolução que se levanta do seu leito tem a ver com o medo vencido

Com a repressão em vão que brutalmente impõe

Sem saber que o proibido é sensual

Em cima do muro tudo é tão normal

Se queres emoção, jogue-se, se solte, se mate... De errar

De negar, de fingir

Mas não fique parado, estático, esperando seu medo fugir

Perca a vida, mas não perca a loucura

Morra de medo, menos medo de morrer

Matheaus Siebra

22/01/2009

Quem?


Hoje eu nasci poético e neológico

Em meio ao lamento de inúmeros tormentos consegui a terra avistar

Sem pressa, desdormindo num deleite de esperanças, surgi do meu véu lactante

Esperneando demônios trovadores que, agarrados em mim, cantavam coisas escandalosas

Pesadelei meus antigos sonhos mais utópicos

Perfeitizei as piores marés da noite

Hoje nasci assim

Com pressa de escrever o que ninguém pretende ler

E com preguiça de escutar o que muitos tem pra falar

Já não vive aquele que de meu corpo usou para descansar as retinas fatigadas de ontem

Outro...

Outro...

Você diz que não

Mas o tempo vai mostrar

Outro Ormuz, ou talvez novo Arimã

Matheaus Siebra

09/07/2009