segunda-feira, 20 de março de 2017

Mulher




De todas elas eu era aquela que a razão tentava educar
Se eu falava, ela gritava
Se eu escrevia, ela apagava
Se eu corria, ela me alcançava
E dizia com sua boca fria: Toma uma barbie para brincar

Quando cresci, dentre todas elas, me tornei "aquela"
Aquela lá
Aquelazinha
A razão não pôde comigo e tentou me esnobar
E comentava de canto de olho: Essa ai é da vida não tem como curar!

De todas elas, eu fui aquela que quis se livrar
Se a razão recomendava, eu sorria
Se a razão falava, eu sorria
Se a razão mandava, eu sorria
E dizia em alto e bom som:
Razão, vá se lascar!

(Dedicado a todas as mulheres que não se submetem, não se sujeitam. Dedicado a todas as mulheres que subvertem, que metem, e aproveitam!)

Matheaus Siebra
Março de 2015

sexta-feira, 20 de junho de 2014

A pele da poesia


Eu até quis rabiscá-la com palavras bonitas
Mas esbarrei num problema:
Como fazer um poema
Na pele da própria poesia?

Cada pedaço do seu corpo nu é um verso
E todos rimam muito bem comigo!

Matheaus Siebra
13/06/2014

domingo, 23 de março de 2014

Amélia?



Eu sou uma mulher.Quente.
Pavio curto.
Sou uma arma. 
Uma bomba relógio sempre a poucos segundos da explosão.
Sou um 38 carregado, esperando que alguém puxe o gatilho. 
Sou facão afiado, refinado, desgastado. 
Sou qualquer coisa que eu queira ser.

Sou guerra e paz - mas nunca fria ou morna 
Sou torta, direita, esquerda, linha reta, expansiva ou discreta.
Sou puta e santa, tantas de mim cabem em meu ser.

E você não tem nada a ver com isso.
Você não tem nada a ver comigo.
Até que eu decida ter!


Matheaus Siebra
22/03/2014

sábado, 14 de dezembro de 2013

Re(fé)m


Ela esperava o momento certo
E sabia a toda hora que a hora certa viria
Quando algo parecia mal,  lembrava que o momento certo chegaria
E por isso nada a abalava nem ela esmorecia

Ela lembrava tanto do momento certo
E o aguardava com tamanha ansiedade e agonia
Que esqueceu que o seu relógio no pulso não alarmaria

O momento certo passou algumas vezes pela sua frente
Assim, como se passa uma rainha
Intocável, inatingível, inalcançável e as vezes imperceptível
Mas ela nunca soube
Que qualquer momento seria o momento certo
Se ela pulasse pra dentro do dia

Matheaus Siebra
09/11/2013

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sobre pontos, pontas e contos


Entre mim
e
ti
Só uma vogal
Mas tantas reticências

Que eu fico me perguntando
pra que tanto ponto
se nenhum é final

Se ao menos fossem pingos
e pingassem de leve 
haveria para eles alguns "is"

Mas são pontos
E que bom seria se exclamassem!!!
Mas só me dizem uma coisa: ...

Matheaus Siebra
12-09-2013

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Pontos




Eu gosto de reticências
Desde que não se tornem reticentes 

Gosto dos pontos, desde que não sejam finais

As vírgulas me agradam
À medida que não afastam ou separam

A interrogação é sempre bem vinda
Toda vez que trouxer consigo a explicação

Mas o que realmente me atrai são as exclamações
Ah, como são prazerosas suas ocasiões!!!



Matheaus Siebra
14-09-2013

domingo, 4 de agosto de 2013

Autoafirmação

E eles gritam que estão com a razão
E escrevem em todo lugar esta razão
Estampam outdoors anunciando a razão
Fazem placas gigantescas demonstrando sua razão

As cores da bandeira são o orgulho da razão
As fronteiras imaginárias que nos limitam, limitam a razão
E separam inúmeras razões, como se não fossem todas elas razões iguais

Eles berram que estão com a razão
E querem me fazer acreditar que sim, existe neles razão
Que algo abstrato que nos governa e restringe a liberdade tem toda razão em existir
E que é por isso que há também a força truculenta, guarda-costas da razão

Eles precisam acreditar que têm razão
Berram, estampam, gritam, pintam, cantam a razão
Noticiam freneticamente a razão
Rebaixando todos que duvidam e põem em risco a razão

Sindicatos, partidos e igrejas estão  todos cheios desta razão
Os shoppings e redes sociais estão cheios desta razão
As ruas, praças, avenidas estão cheias desta razão
(As favelas não – São apenas subprodutos inevitáveis da razão)
E eu, quase sempre dissonante,
Mais do que nunca, estou de saco cheio desta razão

Matheaus Siebra
03/08/2013

quarta-feira, 20 de março de 2013

O fantástico mundo de Zion


Vou brincar de bila com a bila de teus olhos
Fazer girar peão com tua aventura da escola
E me lambuzar com aquele algodão doce que mora no céu

Vou pegar o mundo inteiro e fazer um golaço
Usar a lua minguante na cabeça e brincar de cangaço
Assar marshmallows de borracha em volta do sol

Quero correr perigo contigo lá no fundo do quintal
E eu não fujo dos monstros daquela terra distante
Pois almoçamos todinho para virarmos gigantes
E ainda montamos nosso majestoso cavalo de pau

Vamos descobrir juntos os mistérios deste mundo
Conhecer de perto os segredos de cada reino
E ao fim de cada batalha, vou te colocar em teu leito
Imaginando que aventura vives em teu sono profundo

Matheaus Siebra
20/03/2013

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Gênesis


E Ele, num raro momento de rebeldia e pura inspiração
Juntou nas mão fartos montes de carne
Como um experiente argileiro, apalpou-as e 
                              [as amassou com aptidão
Até que as carnes se unissem e 
                  [formassem um único pedaço uniforme

Com esmero desmedido e aparente apreço,
        [Ele moldou a carne até então disforme
E nessa etapa se deixou trabalhar por longo tempo
Parava alguns instantes para examinar a obra e
             [parecia se orgulhar do que fazia
Enfim, terminou a moldagem e ficou a observar o resultado final
Percebeu que, apesar da beleza, faltava-lhe algo

Aquela perfeição necessitava claramente de algo que lhe desse vida, que lhe sustentasse
Algo que a fizesse existir sem que dela despendesse os ônus da existência
Foi então que, em outro arroubo de rebeldia, inspiração e criatividade Ele teve a idéia
Pegou uma pequena costela de um coadjuvante qualquer e dela fez a mulher
Percebeu que na mulher sua obra caia como uma luva
E viu que aquilo era bom
E viu que aquilo era muito bom
E viu aquilo
E viu...

E quando viu que Ele próprio anteciparia a lenda de Pigmalião
Decidiu se livrar de tão formosa tentação
E em raro momento de devaneio
Ele me deu a mulher e sua obra prima
Este pedaço de carne tão farto e belo, primazia
A quem deram o nome de seio
Matheaus Siebra
17/08/2012

sábado, 17 de novembro de 2012

Sobre tentativas e perdas


Não há cartas, luas ou paisagens que dê jeito
Nem rostos novos na mesma mesa
A mesa é antiga, este é o problema!


Não há rimas, estrofes ou poemas que comovam
Nem alexandrinos ou redondilhas de qualquer porte
Eles se prendem à métrica e este é o problema


Não há tolos, filósofos ou teóricos que confortem
Nem artigos de grandes especialistas
Nenhum deles habita esta pele, este é o problema


Mas sim, havia lembretes sobre tudo isto: Liberdade, novidade, superação
Também tinha algo sobre empolgação e tempo
E nada disso foi levado a sério, percebe o problema?
O tempo está entre nós como uma barra maciça
E o amanhã só existe quando acaba


Não há planos, diretrizes ou previsões que me prendam
Nem promessas repetidas de um novo futuro
O futuro não existe e isto passa longe de ser um problema

Matheaus Siebra
10/10/12

sábado, 18 de agosto de 2012

Tertia Lex



Se inspiração
Provoca meu íntimo que é vontade de pousar
Uma mão em sua
Carne quente carne
Molhada
Suada
Sua pele
Sua

Se inspiração
Recorre ao verbo generoso por definição
E te sugiro
Que dele não fuja
Que ceda ao seu comando
Como mando
Ando minha língua em sua

Se inspiração
Desafia e desafia meu lobo frontal
Afia meu instinto
Se motivo havia
Previa temporal
Agora, prévia de negação racional
Encontro casual

Se inspiração...
Causalidade!
Matheaus Siebra

19/08/2012

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Vai, mundo


Que visão de mundo o Raimundo tem
Ainda na cama com um jornal a atrapalhar-lhe o café
Antes de ler o que tem escrito no rodapé
Prefere abandonar este mundo e ficar de pé

Que visão de mundo o Raimundo tem
Com seu cigarro lento a enfeitar-lhe os lábios
Observando do banco da praça os homens alados
Prefere não comentar e fica calado

Que visão de mundo o Raimundo tem
Com um radim de pilha a beijar-lhe o ouvido
Escutando todo dia a hora do Brasil maldito
Prefere continuar vegetando a tentar um suicídio

Que visão de mundo o Raimundo tem
Com a televisão iluminando o escuro da noite
Os seus olhos de estátua a ver as bombas de hoje
Prefere dormir a ferir a vista com essas notícias de açoite

Que visão de mundo o Raimundo tem
Ainda na cama com um jornal a atrapalhar-lhe o pé
Antes de ler o que tem escrito na embalagem do café
Prefere abandonar este mundo e ler logo o rodapé

Que visão de mundo o Raimundo tem
Com seu cigarro lento a deixar-lhe alado
Observando do banco da praça os homens calados
Prefere não comentar e fechar os lábios

Que visão de mundo o Raimundo tem
Com um radim de pilha a incentivar-lhe o suicídio
Escutando todo dia a hora do Brasil ouvido
Prefere continuar vegetando a tentar o maldito

Que visão de mundo o Raimundo tem
Com a televisão iluminando o escuro de açoite
Os seus olhos de estátua a ver as bombas da noite
Prefere dormir a ferir a vista com essas notícias de hoje

Boa noite, Raimundo!

Matheaus Siebra
2010

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Aquela frase


Como se uma frase fosse a chave das portas da percepção
Como se tudo que eu disse até hoje
Não fossem indiretas do que acabei de dizer
Como se não acusasse isto, ficar falando ao teu ouvido até o dia amanhecer

Como se cada gesto meu não apontasse
E eu ficasse meio bobo a cada tentativa de disfarce
Como se antes de tudo isto acontecer
Eu já não sentisse a mesma coisa sem nem perceber

Como se tudo o que vivemos fosse um instante que passou
Um grito que se calou
Uma ferida que se fechou
A partir do momento que eu disse ao teu ouvido
Sussurrando num tom bem mansinho
Que o que eu sinto por ti é amor

Matheaus Siebra
23/05/2010

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Chato Cotidiano


Há sempre um algo a mais no que quer que seja

Nunca se conhece ninguém por inteiro

Nunca se foi tão longe que ainda não possa andar

Nunca se quis tanto que não fosse possível abusar

Nunca se fez algo que não fosse possível ser feito

E é por isso que o mundo gira


É por isso que homens acordam, cagam o dia inteiro e dormem depois de trepar

E trepam o resto da noite com qualquer uma que não sua mulher...

É por isso que mulheres acordam, vomitam o dia inteiro e dormem depois de trepar

E trepam o resto da noite com qualquer um que não seja real...


Por mais que homens e mulheres, incluindo os seus e vice-versa,

Se esforcem para fazer algo perfeito, sempre vai haver uma brecha

Uma palavra não dita ou 3 ditas a mais: vai te foder!

Sempre vai haver uma mão vermelha e um rosto inchado

Sempre vai haver olhares impiedosos e outros encharcados

Por mais que se esforcem para serem ricos, sempre vai haver algum fodido

Com poucas moedas que se possa tomar

Por mais que se esforcem para serem bonitos, sempre vai haver um comprimido

Que a idade, e de quebra a mente, prometa retardar


Sempre há um algo a mais no quer que seja

Nunca se tem alguém por inteiro

Nunca se chorou tanto que não pudesse aumentar o berreiro

Nunca se tem tanto que não haja lugar pra mais um pouco

Nunca um tesouro deixou de caber mais uma moeda de ouro

E é por isso que o mundo pira


Matheaus SIebra

12/08/2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Escombros de uma vida


Há aqueles dias em que tudo parece desabar ao seu lado

E realmente tudo desaba

E quando desaba, desmorona sentimentos sem fim

E você fica feito preso nos escombros

Sozinho

Sem poder se mover, se virar, espreguiçar

Sem poder gritar...

Nem por socorro nem pelo prazer de ouvir qualquer voz que seja

Só se pode chorar... Mas chorar bem pouco, de mansinho

De outra maneira o desespero toma de conta...

Você berra, desespera, grita com a boca bem aberta

E ai pode entrar pó

Pode o pó poluir narinas, esôfago, traquéia, pulmão

E daí pro cérebro é um passo

Um passo em falso que pode te fazer cair em um buraco

Um buraco que, quando se percebe, as paredes estão tão frágeis!

E ai tudo parece desabar ao seu lado

E realmente desaba

E quando desaba, desmorona sentimentos nos mais próximos.

Matheaus Siebra

10/08/2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A máscara


Pra não dizer que nunca fui tua

Fui tua

Quando tua barba me fazia virar bailarina

Desvendando o amor que se esconde entre algodões

Procurando espaço no meio daquilo que sou eu


Tua barba me fazia ser tua

Quando de leve a encostava em meu pescoço

Respirando devagar no meu ouvido

Com a mão pousada sobre seu melhor aeroporto:

Meu seio


Tua barba me fazia ser tua quando me arranhava as costas

Com tamanha raiva e brutalidade que nada mais havia senão desejo

Quando me tocava a face no mais ardente beijo

Quando a via pintada em mim na frente do espelho


Tua barba me fazia ser tua

Quando ela escondia, feito máscara, o que tu pretendias

Quando enganava meus sentidos maquiando suas intenções

E te deixava com ar misterioso se falava de outras paixões


Pra não dizer que nunca fui tua

Fui tua

Fui tua por tua barba.

Matheaus Siebra

09/09/2010

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Mãe África


Ele chora

O corpo fraco, frágil, se estende nos ossos do colo da mãe

E ele chora silenciosamente...

Não desperdiça o pouco da força que lhe resta com soluços e escândalos

Com um esforço sobre-humano, ergue o braço e puxa um pedaço de pele colado à barriga daquela mulher

Puxa a pelanca e leva ate sua boca. Suga, suga, suga... Mas não há nada ali

Não há leite, não há água.

Mas não estão totalmente vazios os seios daquela sofredora

O menino talvez encontre no meio daquele misto de pele e curubas, de lama e de pus

Alguma gota de suor ou lágrimas escorridas que possam saciar sua sede

Talvez encontre até algo maior...

Encontre esperança e imagine pelo menos por dois minutos que vai ter um futuro

Pode ser que ache também força.

Pode ser que essa força permita-o não expor ainda mais seus ossos

Pode ser que esta força o faça conseguir virar o pescoço e olhar para a mãe que o observa

Ela, criatura triste e sofrida, se esquece de toda a miséria subumana em que vive

E nesse momento volta a ser mulher... Consegue até sorrir para confortar sua cria.


O menino, enquanto suga em vão aquelas tetas caídas, provavelmente fechará os olhos

E em meio ao caos vai enxergar um brilho intenso

Vai imaginar pessoas boas o cercando e dando as mãos

O menino está no centro das atenções, já não é mais um fantasma

O menino enxuga as lágrimas que desenhavam um córrego em seu rosto pontudo

Parece que se esquece da fome que o corroia até pouco tempo atrás

Ou ela realmente sumiu...

Esquece também de que sentia dor

Esquece que a justiça é cega, mas a injustiça tem olhos de lince pra caçar os mais indefesos

Esquece de toda a imperfeição que o cerca e quase adormece

Então, cansado, fecha os olhos lentamente para nunca mais abri-los de novo.

Matheaus Siebra

01/12/2010

sábado, 28 de agosto de 2010

De qualquer maneira


Eu te amo
E não é um amor divino
Não tem nada de angelical
É um amor perverso, maldoso, beirando o diabólico
Um amor avesso a regras, a canções, discussões e dicionários
Eu te amo ardentemente... Eu te amo com gosto de suor
Eu te amo com unhas e dentes, com mordidas e tapas sem dó

Eu te amo nos seus lábios dançando flamenco
E também quando se cansam da solidão e convidam os meus prum forró
Eu te amo com sussurros no ouvido, com mãos inquietas, com suspiros de prazer
Eu te amo teu contorcionismo, teus grunhidos, tua loucura e tudo que é de você

Eu te amo com movimentos
Eu te amo teus gemidos
Eu te amo um grito
Eu te amo um silencio...
Eu te amo sem movimentos
Agora, cansado, te amo divinamente e a todo momento
Je t'aime, Aimêr

Matheaus Siebra
30/05/2010

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Um fiho




Um filho

Criatura com dentes, quem diria...

Que come feito leão, eu não sabia!

Que quase anda desengonçado e com alegria!


Um filho

Uma parte minha que não sou eu

Mas roubou muito de mim quando nasceu

Inclusive aquilo que desacreditava: o amor meu


Um filho

Que arranca minhas lágrimas escondidas

Quando não contém as suas na hora da partida

E soluçante me olha quase gritando adeus


Um filho

Que arranca meu sorriso escondido

Quando mostra o seu sorriso exibido

Jogando-se em mim e quase gritando: sou teu!


Um filho

Que na simplicidade do olhar diz tudo

Que parece espiar todo dia por cima do muro

Pra entender assim cada sentimento meu


Um filho

Um filho que me faltam palavras

Como se fosse eu a “tabula rasa”

E precisasse aprender a dizer amor...


Um filho raro,

Um filme raro

Que passa aos domingos no meu coração

Um coração tão grande, enorme

Mas que mesmo assim não pode

Conter toda minha emoção.

Matheaus Siebra

25/08/2010

sábado, 19 de junho de 2010

no baile das máscaras


Teu sorriso exibido
Eu me furei no espinho depois de arrancar a fulô
Teus lábios praticando sexo explícito com meu olhar
Eu me engaiolei em ti depois de me livrar do teu amor
E tua pele que agora já não posso...
...Tocar, cheirar, sentir, nem sequer negar
(quem me dera negar!)
Parece-me agora ainda mais bonita e macia
Mais ainda que qualquer poesia
Que nesta noite eu vou dizer e escutar

Danças frevo sobre a linha tênue
Que separa a insensatez do meu juízo
Com um companheiro que, com toda certeza, não sou eu
Quem é teu novo alguém que quer te fazer bailar
Quem é este que
Quando não restar da música nenhum ruído
Vai te empurrar pro lado de lá?

Matheaus Siebra

domingo, 25 de abril de 2010

Valle in crastinvm


As esperanças começam quando se termina o dia

Fracassado muitas vezes e algumas poucas com sucesso

Fecho os olhos e vejo-te chegando, trazendo-me boas noticias

Finalmente! É a hora da colheita...

Oh tempo! Quanta angustia trouxeste para pouca recompensa

Mísera Valia pra tamanho penar!

Com os olhos fechados impossível não pensar nisso

E lembrar que as expectativas humilham a surpresa

(e são cúmplices da decepção)

Talvez eu anseie por um desfecho

E descubra no fim que o desenrolar me interessava mais

(O final não merece seu meio)

E queira voltar pra um tempo atrás...

São as dúvidas que se acabam quando toma lugar em seu trono as esperanças de amanhã

Vejo-te chegar trazendo-me boas noticias

Mas sempre dizes:

- Valle in crastinvm!

Matheaus Siebra

14/08/2009