quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Faço o que faço?
Evitei ao máximo essa inevitabilidade
Por me subestimar
Por pensar que não fosse tão forte
Por antecipar a dor que era de morte
E...
Não caiu de mim uma gota
Nem de lágrima, nem mágoa, arrependimento, água...
NADA!
Nada além do que é verdade:
Ainda há o que se sentir
Ainda há porque fingir, negar o que vêem
Que quando finjo cochilar numa rede
Que quando fumo sozinho no alpendre
Que quando escrevo linhas tortas
É pra te esconder nas entrelinhas
É pra te achar na rebeldia do que exalo
É pra te perder no doce embalo
Não pra dormir, nem meditar, registrar...
Tudo isso é de tanto te ter amado
E terminado.
Matheaus Siebra 25/12/2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Posses
Temos em comum o fato de não aparentarmos ser fracos
Sentirmos a falta dos mesmos braços, abraços, embaraços
O choro noturno na cama com as palavras gritadas
Pensando em tantas outras que foram sussurradas
Temos em comum o ódio à nossa ira
A saudade do passado
A raiva do presente
O apego ao futuro
A vontade de nos espiar por cima do muro
Em comum a doce alegria fingida
Transeuntes solitários de cabeça caída
Entre amigos, mantenhamos erguida
Temos em comum a vontade de nos termos
Mas o que nos é mais semelhante nos torna distintos
Nosso infantil orgulho de meninos.
Matheaus Siebra
12/11/2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Como se fosse
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quinta-feira, 23 de julho de 2009
Zion
Zebras, cavalos listrados...
Búfalos, bois despenteados...
Inda hoje me peguei pensando em tuas loucuras
Onde tudo tem forma de nada
Nada tem forma de tudo
De onde dormes teus sonhos, avistas um mundo desconhecido
E tua cabeça entende tudo, porque tudo é teu
Tu és o mundo
E o mundo é seu
Escuro ainda, cheio de ecos de falas estranhas
Dos que não habitam tua terra perfeita, teu berço liquido no quarto maternal
Não te vejo, mas já te fantasio
Em teus olhos duas bilas verdes acastanhadas, ou castanhas esverdeadas
É a cor do amor
Ainda não te sei e sei que nascerás perfeito
Anjo de cabelos cacheados, lisos ou ondulados
Na forma do amor
Inda hoje me peguei pensando em teus absurdos
E quando virdes me perguntar loucuras sei que já terás quase respostas pra tudo.
Matheaus Siebra
23/07/2009
Carpe Noctem
Enfim fez-se dissipar o ébrio daquelas noites alucinadas
Ao nono dia os raios do triste sol surgiram notáveis
Queimando as cabeças ressacadas dos que gritavam à luz da lua
Ah lua! Neste período escapastes dos olhos dos enamorados bêbados
Eles focavam uma luz móvel e mais intensa
Fiquei a contemplar-te na solidão de minha alcova
Debruçado na janela velha do meu velho sobrado
Escutando maus agouros dos transeuntes cansados
Perdendo-me de ti com a visão de um gato malhado
Enalteci-me ao notar que eras minha
Somente minha entre aqueles que no meu mundo habitam
Sei que não posso competir com os astros vagabundos
Estão estes de ti mais perto
Que de mim talvez deles tu gostes mais
Então me deixo estar por um par de olhos companheiros
Sei que preferes casais e, por isso, me desejará boa noite.
Matheaus Siebra
20/07/2009
Minha singular revolução
Libertei-me da minha liberdade usual
Causou-me angústia saber que sua rotina acorrentava-me aos seus pés
Agora procuro outras nas mais inóspitas definições
Cansei de caminhos maquiados que escondiam a face do inferno
De verdades tão absolutas quanto os contos do seu narrador
E da cortina de luz opaca às suas próprias trevas
Não digo que pretendo outra para seguir à risca
Reconheço a imperfeição que trafega no reino dos homens
Que a tudo se faz imperar, fantasia os defeitos, ressalta as belezas e uma testemunha faz calar
Quero esboços, quero rascunhos...
Desfaço-me sem pudor das normas
Derrubo leis, condeno as regras
Não planejo revolução, não me sigam em vão
O boi no gado, o lobo anda só.
Matheaus Siebra
03/07/2009
Medo de morrer
O medo que me persegue a mente é meu ditador preferido
A revolução que se levanta do seu leito tem a ver com o medo vencido
Com a repressão em vão que brutalmente impõe
Sem saber que o proibido é sensual
Em cima do muro tudo é tão normal
Se queres emoção, jogue-se, se solte, se mate... De errar
De negar, de fingir
Mas não fique parado, estático, esperando seu medo fugir
Perca a vida, mas não perca a loucura
Morra de medo, menos medo de morrer
Matheaus Siebra
22/01/2009